A pecuária e a agricultura no Brasil possuíam, tradicionalmente, a realização das atividades produtivas de forma separada, esse processo ocorreu durante anos, contribuindo para o aceleramento do processo de degradação em áreas de pastagens e em áreas de lavoura com várias implicações que prejudicam a sustentabilidade da pecuária nacional, tais como baixa oferta de forragem, baixos índices zootécnicos e baixa produtividade por área, impactando diretamente em menor retorno econômico e ineficiência do sistema.
Esses acontecimentos geram uma grande preocupação para os pecuaristas, pois as pastagens são a base da dieta do rebanho bovino, em razão do seu baixo custo de produção, alto potencial produtivo e da sua boa adaptação aos diversos ecossistemas brasileiros. Para recuperação dessas áreas degradadas são utilizados métodos tradicionais de preparo de solo e semeio de capim, porém todo esse processo gera muitos custos principalmente pela necessidade de preparo de solo, correção e fertilização.
O Sistema Integrado de Produção Agropecuária (SIPA) também conhecido como integração lavoura-pecuária (ILP), integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ou ainda, integração pecuária-floresta (IPF), representa um conceito moderno de modelo de produção de alimentos e serviços ambientais, alinhado às emergentes necessidades de adequação do processo produtivo no sentido da intensificação sustentável.
Boas práticas de manejo, rotações agrícolas intercaladas a fases pastoris, o plantio direto, o uso eficiente de insumos e a utilização da pastagem em intensidades de pastejo moderadas formam o pilar conservacionista do sistema, diminuindo a incidência de pragas, doenças e de plantas indesejáveis, reciclando os nutrientes de forma mais eficiente devido ao melhor aproveitamento dos nutrientes, menor uso de insumos por unidade de alimento produzida, maior eficiência no uso de maquinário, maior liquidez financeira, incremento de renda na mesma unidade de área e diminuição do risco da operação agrícola.
Até pouco tempo, a maior parte das áreas utilizadas para produção de grãos no Cerrado brasileiro permanecia em repouso de sete a oito meses, com apenas uma safra por ano agrícola, em virtude das condições climáticas desfavoráveis no início do outono, sobretudo a deficiência hídrica, atualmente as áreas de lavouras dão suporte à pecuária por meio da produção de alimento para o animal, seja na forma de grãos, silagem e feno, seja na de pastejo direto, aumentando a capacidade de suporte da propriedade, permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano.
O SIPA está presente em 25 milhões de km2 (BELL; MOORE, 2012) e é responsável por aproximadamente 50% da produção de alimentos no mundo - 65% dos bovinos, 75% do leite e 55% dos cordeiros nos países em desenvolvimento (HERRERO et al., 2010). Sendo uma alternativa viável para o aumento de produtividade auxiliando na recuperação de áreas degradadas.
Esse método possui como objetivo a produção programada do manejo dos animais com a produção agrícola de maneira sincronizada, aproveitando melhor a área de produção, mantendo a vitalidade do solo de forma eficiente. A rotação e consorciação de culturas pode ainda favorecer a quebra do ciclo de pragas e doenças, além de diminuir a incidência de plantas daninhas na área de cultivo, o que resulta em maior produção das culturas e redução dos custos.
São diversas as vantagens de utilizar o SIPA, dentre elas a diversificação de atividade dentro da propriedade e melhor equilíbrio de fluxo de caixa; redução do custo de reforma de pastagens; formação de palhada de qualidade para plantio direto; quebra do ciclo de pragas da lavoura; redução de plantas invasoras; otimização do uso do maquinário; e obtenção de duas safras por ano.
Além de que esse sistema é a base da produção dos países em desenvolvimento, onde dois bilhões de pessoas são sustentadas por esse modelo de produção.
Possuindo uma importância no âmbito global de forma que possui um potencial para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050, de acordo com a FAO. Sendo capazes de incrementar a resiliência ambiental por aumentar a diversidade biológica e pela efetiva e eficiente reciclagem de nutrientes, o que ocasiona em melhoria da qualidade do solo, além de prover serviços ecossistêmicos e contribuir para a adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
No Brasil o SIPA, possui um vasto potencial de implantação, tornando o país uma importante peça no contexto mundial de redução de emissão dos gases de efeito estufa. O SIPA é tecnologia reconhecidamente sequestradora de carbono. Na região sul do país é usado como proposta para um uso eficiente da área no período da entressafra, diversificando a propriedade, diminuindo o risco da lavoura e melhorando o solo.
O blog é escrito pela CTZ, Empresa Júnior de Zootecnia da UEPG. Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária fazem parte dos nossos serviços, visto que trabalhamos com o planejamento e com o estabelecimento, visando uma maior eficiência produtiva e melhora no aproveitamento da propriedade. Se tiver interesse nesse ou em algum outro serviço, entre em contato conosco e nos acompanhe nas redes sociais (@ctz.uepg).