O café da manhã promovido pelo Sindicato Rural de Castro proporcionou um espaço de diálogo e troca de informações sobre assuntos de grande relevância para os produtores rurais. A presença de especialista como Kelly Taborda e do vice-presidente do Sindicato Rural, Anselmo Westphal, além do presidente do sindicato, Eduardo Medeiros, garantiu debates aprofundados e a busca por soluções para os desafios enfrentados pelo setor.
Recuperação de Créditos e Benefícios Fiscais
A especialista em recuperação de créditos fiscais, Kelly Taborda, apresentou os resultados dos programas de recuperação do salário-educação e ICMS da conta de energia elétrica dos produtores. Segundo ela, mais de R$ 2,5 milhões já foram devolvidos aos produtores, com expectativa de alcançar a marca de R$ 3 milhões. "Iniciamos esse trabalho em 2021, enfrentando desafios como a organização da documentação e a projeção de valores. Os resultados começaram a aparecer no ano seguinte, principalmente com a energia elétrica, onde a devolução era rápida no início", relatou Kelly.
Apesar das dificuldades enfrentadas com a concessionária de energia, que tentou embargar o trabalho, a especialista comemora o sucesso do programa. "A maioria dos beneficiados são produtores de leite, que possuem um alto consumo de energia e pagavam valores indevidos", explicou.
Kelly também destacou a importância do trabalho do sindicato na divulgação do programa e na garantia da segurança jurídica para os produtores. "Muitos tinham receio devido a problemas anteriores com o Funrural, mas a credibilidade do sindicato foi fundamental para a adesão", afirmou.
O presidente do Sindicato Rural de Castro, Eduardo Medeiros, complementou as informações de Kelly, ressaltando o impacto positivo da recuperação de créditos para os produtores. "Esse dinheiro faz uma grande diferença no caixa dos nossos associados, especialmente em um momento de dificuldades econômicas", declarou.
Medeiros também agradeceu o trabalho de Kelly e anunciou o encerramento do programa, que cumpriu seu objetivo de beneficiar um grande número de produtores. "Não queremos ter coisas indefinidas que nunca terminam, então estamos dando um encerramento a esse trabalho, que foi muito bem feito", explicou.
O presidente do sindicato, Eduardo Medeiros, também apresentou as tratativas com a Prefeitura de Castro sobre a redução do ITR e a isenção do ITBI em processos de incorporação de bens imóveis a empresas, em especial nas Holding Familiar. "Estamos buscando uma redução justa do ITR, que é um imposto que pesa muito no bolso do produtor rural. Além disso, queremos a isenção do ITBI para facilitar a incorporação de bens imóveis a empresas, o que é importante para o desenvolvimento do setor", afirmou Medeiros.
O presidente destacou a importância do diálogo com a prefeitura e a confiança na sensibilidade do prefeito para atender as demandas dos produtores. "O prefeito assumiu a prefeitura recentemente, mas já está mostrando resultados positivos. Acreditamos que ele terá a coragem de fazer as mudanças necessárias", declarou.
Medeiros também criticou a utilização da tabela de valores do Deral como base para o cálculo do ITR, defendendo a necessidade de um estudo técnico específico para o município. "A tabela do Deral não reflete a realidade da terra agrícola em especial o VTN. Precisamos de um laudo técnico que leve em consideração as características da nossa região, a exemplo do que foi apresentado pela Faep que contemplou o município de Castro em um estudo. ", explicou.
A análise foi feita por um especialista em consultoria fundiária, de acordo com os critérios técnicos previstos em legislação, como classificação de solo, da cobertura vegetal, do relevo, benfeitorias reprodutivas e não reprodutivas, entre outros. Todos os documentos estão disponíveis ao público.
O vice-presidente, Anselmo Westphal, em questões ambientais abordou o CAR e outras pautas relacionadas ao meio ambiente, como a legislação da Mata Atlântica e a taxa de uso da água.
Sobre o CAR, Westphal criticou a nova forma de análise do cadastro, que utiliza inteligência artificial e pode gerar erros e injustiças. "O sistema pode identificar divergências que não existem, e o produtor terá que contratar um profissional para fazer um laudo técnico, o que gera custos e burocracia", alertou.
O especialista também questionou a sobreposição de áreas e a necessidade de refazer o CAR em função da mudança dos limites dos municípios. "É preciso ter cautela e analisar cada caso individualmente, para evitar prejuízos aos produtores", recomendou.
Em relação à legislação da Mata Atlântica, Westphal criticou a aplicação do código nacional no Paraná, que é mais restritivo e prejudica os produtores. "Estamos buscando reverter essa situação, para que seja aplicado o Código Florestal, que é mais adequado à nossa realidade", afirmou.
Sobre a taxa de uso da água, o vice-presidente informou que a Procuradoria Geral do Estado entrou com um recurso para retirar a isenção da taxa para os produtores rurais. "Essa taxa terá um impacto muito grande para quem trabalha com tilápia, por exemplo. Estamos acompanhando o caso e buscando uma solução junto à Assembleia Legislativa", declarou.
O presidente do sindicato, Eduardo Medeiros, complementou as informações de Anselmo destacando a importância da participação do sindicato nos conselhos de meio ambiente e nas discussões sobre as questões ambientais. "Temos que estar atentos e defender os interesses dos nossos associados em todas as instâncias. O meio ambiente é uma pauta importante, mas precisamos encontrar um equilíbrio entre a preservação e a produção", afirmou Medeiros.
O encontro promovido pelo Sindicato Rural de Castro demonstrou a importância do diálogo e da união dos produtores rurais para enfrentar os desafios do setor. A recuperação de créditos fiscais, a redução de impostos e a defesa dos direitos dos produtores nas questões ambientais são pautas prioritárias para o sindicato, que busca garantir o desenvolvimento sustentável da produção rural na região