Produzir alimentos de maneira sustentável, preservando a natureza e promovendo a conscientização ambiental, é o foco do Dia Nacional do Campo Limpo. Celebrado oficialmente em 18 de agosto, o evento foi realizado em Ponta Grossa no dia 16, destacando-se como uma iniciativa crucial para o correto descarte de embalagens de defensivos agrícolas na região dos Campos Gerais.
Com a coordenação coletiva da Associação dos Revendedores de Insumos Agropecuários dos Campos Gerais - Assocampos e do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias - inpEV o evento reforça a posição do Brasil como referência mundial em logística reversa no setor agrícola.
A Assocampos, com sede em Ponta Grossa, é a entidade responsável por gerenciar a logística reversa de embalagens agrícolas em 16 municípios da região dos Campos Gerais, representando 108 pontos de distribuição associados.
A presidente da ASSOCAMPOS - inpEV, Janete Zucco, enfatiza o papel fundamental do evento na conscientização ambiental e na educação da comunidade sobre a correta destinação de resíduos. "Para nós, o Dia Nacional do Campo Limpo é um dos dias mais importantes do ano aqui em Ponta Grossa. Queremos mostrar a logística reversa que o Brasil vem implementando há 22 anos, um trabalho que tem sido destaque mundial no recolhimento de embalagens de agrotóxicos.", afirma.
Janete destaca que as visitas guiadas durante o evento são uma oportunidade única para a população conhecer de perto o trabalho realizado ao longo do ano. "Não é apenas hoje, mas todos os dias, que trabalhamos arduamente para garantir que esses resíduos sejam gerenciados com competência. Abrir as portas para a população é uma forma de mostrar a seriedade e a eficiência com que tratamos cada etapa desse processo.", conta a presidente.
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A ASSOCAMPOS também promove diversas ações de conscientização ao longo do ano, com foco na educação ambiental. "Realizamos palestras com produtores e trabalhamos junto à população para mostrar como todo o processo deve ser feito, desde o início até a conclusão, garantindo que nada fique no campo. É essencial que todos conheçam esse processo", explica Janete.
Além disso, o trabalho de conscientização é estendido às crianças, por meio de projetos educativos. "Temos um projeto muito bacana com as crianças, que inclui um concurso de redação e desenho envolvendo sete municípios da região. Já são 5.000 crianças participando conosco, e é interessante ver como elas se tornam agentes de mudança, ajudando a educar seus pais também.", fala animada.
Luiz Fernando Marion, responsável técnico da ASSOCAMPOS/inpEV, expressou a importância do evento para todos os envolvidos. "Avaliamos o Dia Nacional do Campo Limpo como um dia de grande alegria e felicidade. É uma oportunidade de reunir os diferentes elos do sistema Campo Limpo, desde agricultores até o poder público, para celebrar os bons resultados e divulgar para a sociedade o grande exemplo que vem do meio agro na gestão adequada dos resíduos pós-consumo do meio rural", afirmou Marion.
Um dos temas centrais discutidos nas palestras foi a sustentabilidade, com foco em práticas que podem gerar receitas adicionais para os produtores. "Todos os anos buscamos trazer conhecimentos e atualidades para a comunidade rural. Neste ano, trouxemos nosso parceiro Frísia para falar sobre o programa Fazendas Sustentáveis e as boas práticas no meio rural. Já outra palestra mostrará para os agricultores receitas através da venda de créditos de carbono, uma tendência para o futuro da produção agrícola", explicou Marion, ressaltando a importância de difundir essas práticas entre os participantes.
O evento também foi marcado pela apresentação de novas parcerias, como o convênio operacional com o Sicredi, que visa proporcionar melhores condições de crédito para os agricultores da região. "Estamos trabalhando há cerca de três meses com o Sicredi para alinhar e criar um convênio que traga aos agricultores acesso a linhas especiais de financiamento e melhores condições para fomentar negócios nos Campos Gerais", destacou Marion.
Encerrando o evento, Marion comemorou os números expressivos alcançados pela parceria entre ASSOCAMPOS/inpEV na destinação de embalagens de defensivos agrícolas. "Estamos celebrando mais de 600 mil de quilos de resíduos já ambientalmente destinados de forma adequada somente em 2023. Desde o início das nossas atividades, já atingimos a marca de mais de 14.000 toneladas de embalagens vazias destinadas corretamente, um resultado excepcional graças à integração de todos os elos do sistema Campo Limpo", concluiu.
O Dia Nacional do Campo Limpo é um marco para o setor agropecuário, e a expectativa é que continue a crescer e envolver ainda mais participantes nos próximos anos. "Aguardamos todos no Dia Nacional do Campo Limpo em 2025", finalizou Marion, deixando o convite para que mais pessoas conheçam e participem desse importante evento.
No Dia Nacional do Campo Limpo, produtores e especialistas são reconhecidos por suas contribuições à sustentabilidade e à preservação ambiental no campo. Através de práticas inovadoras e o cumprimento rigoroso da legislação, eles demonstram como é possível aliar a produtividade agrícola à proteção do meio ambiente.
Durante o Dia Nacional do Campo Limpo, o produtor Luciano Aardoon Van Den Boogaard foi homenageado por suas práticas sustentáveis e sua contribuição ao meio ambiente com excelência. Ele compartilhou sua satisfação em saber que está somando para um campo mais limpo e para a sustentabilidade. Sobre a incorporação da logística reversa em sua propriedade, Luciano explicou que "foi bem tranquilo, pois temos a necessidade de realizar esta devolução tanto por questão de espaço físico quanto por questões ambientais, então é algo necessário e bem tranquilo de se fazer."
Luciano também destacou as práticas sustentáveis implementadas em sua propriedade, como o plantio direto e os projetos de agricultura de precisão. "Desde o plantio até a colheita, há uma grande demanda pela pulverização de agrotóxicos. Temos que realizar uma aplicação correta, sem desperdício, e tudo isso é bem pensado. É necessário um estudo e um aprendizado muito grande para não haver perdas, tanto pelo clima quanto pelo manuseio," enfatizou o produtor. Ele ainda mencionou a importância do monitoramento constante para evitar o uso excessivo de defensivos: "Sempre preocupado com o MIP (Manejo Integrado de Pragas), fazemos o batimento de pano na lavoura para saber que tipo de praga temos, para nunca aplicar um produto a mais do que o necessário."
O evento também homenageou João Miguel Toledo Tosato, que atuou por muitos anos na Adapar – Agência de Defesa Agropecuária do Paraná e foi um dos grandes apoiadores na implementação da legislação/execução do recolhimento de embalagens de agrotóxicos no Paraná. Ao falar sobre a homenagem, Tosato expressou sua gratidão: "Fiquei muito contente e honrado com esse convite, pois me aposentei recentemente, e é gratificante ver que lembraram de mim, mesmo após o término da minha atuação como engenheiro agrônomo fiscal."
Tosato compartilhou sua experiência na inauguração do posto de recolhimento de embalagens em Ponta Grossa, logo após a Lei 4.074 de 2002 ser implementada. "Até 2002, não havia recolhimento de embalagens vazias; elas eram queimadas, enterradas ou jogadas na beira do rio. Com a lei, a fiscalização foi intensificada, e todos os envolvidos no setor agropecuário tiveram que se adaptar às novas regras," explicou Tosato.
Ele destacou a evolução na devolução das embalagens e a importância das associações e postos de recebimento para facilitar o processo aos agricultores. "Hoje, graças a Deus, a grande maioria das embalagens é devolvida e corretamente lavada, conforme a legislação determina. É essencial continuar esse trabalho para garantir a limpeza do meio ambiente e a segurança dos nossos alimentos," afirmou o homenageado.
Para Tosato, a conscientização sobre a sustentabilidade no campo é vital, e ele deixou um conselho para os produtores: "O patrimônio do agricultor é o meio ambiente. Precisamos defendê-lo, pois ele é fundamental para a nossa sobrevivência e a saúde da população."
No Dia Nacional do Campo Limpo, especialistas discutem as oportunidades e desafios da sustentabilidade no agronegócio, abordando desde a implementação de fazendas sustentáveis até o mercado emergente de créditos de carbono. Em um setor cada vez mais exigente, produtores buscam adequar suas práticas para atender a demandas internacionais e garantir competitividade.
A sustentabilidade no campo é um tema cada vez mais relevante, especialmente diante das crescentes exigências dos mercados internacionais e da necessidade de práticas responsáveis. Jean Andrusko, palestrante no evento, explora os desafios e as práticas essenciais para a implementação de fazendas sustentáveis, destacando a importância do cumprimento das normas ambientais e trabalhistas. "Uma fazenda sustentável deve começar pela questão trabalhista, pela questão ambiental, e por toda a documentação necessária. Estamos falando de um mercado emergente, onde vários clientes estão exigindo cada vez mais um produto de origem responsável. Na cooperativa Frísia, temos um programa chamado Fazenda Sustentável, que monitora e orienta produtores a se adequarem às boas práticas vinculadas ao ESG para atender essa demanda, especialmente do mercado europeu. O produtor passa por uma série de visitas, onde monitoramos e orientamos desde adequações estruturais até práticas de manejo de água, resíduos, energia solar, treinamento de funcionários, relação com a comunidade e saúde financeira da propriedade."
Além das práticas sustentáveis nas propriedades, outro tema de destaque foi o mercado de carbono, abordado pelo advogado, Jefferson Wegermann. Ele destaca a importância da conscientização e da implementação de práticas que vão além da venda de créditos de carbono, contribuindo para a sustentabilidade e rentabilidade das propriedades rurais. "O mercado de carbono, ou o comércio de créditos de carbono, é apenas a 'cereja do bolo' de algo muito maior, que é a sustentabilidade. O campo e toda a cadeia do agronegócio podem se beneficiar desse mercado, seja através da Agricultura de Baixo Carbono ou de carbono neutro, para agregar valor à produção e obter melhores resultados. As pessoas precisam entender melhor o que é o mercado de carbono e como podem se beneficiar disso. Quem primeiro se conscientizar e começar a aproveitar os benefícios, certamente terá vantagens. Já vemos sinais disso, como linhas de crédito diferenciadas e melhores preços por produtos com certificações específicas."
O evento também destacou a importância das práticas sustentáveis já estabelecidas, como a logística reversa, fundamental para a destinação adequada de embalagens de agrotóxicos. Wegermann ressalta como essa prática pode ser integrada em projetos de pagamento por serviços ambientais, contribuindo ainda mais para a sustentabilidade e a economia no campo. "A logística reversa é uma das grandes práticas sustentáveis que temos, e muito pouca gente sabe. É um trabalho maravilhoso feito pelo campo, pelas indústrias, e pelos canais de revenda e distribuição, que fazem com que as embalagens de agrotóxicos retornem para um tratamento adequado. Isso não é apenas uma obrigação legal, mas algo que as pessoas podem usar para se beneficiar economicamente no futuro.", revela o advogado
O Dia Nacional do Campo Limpo em Ponta Grossa foi marcado por diversas atividades voltadas para a sustentabilidade e a preservação ambiental, com um forte enfoque na educação e na cooperação entre diferentes setores da sociedade. Aparecida de Fátima Oliveira Castanho, coordenadora pedagógica do Fundamental II da Escola Evangélica de Carambeí, destacou as ações que a escola vem desenvolvendo ao longo dos anos em prol da sustentabilidade.
“A escola já tem um trabalho voltado para a sustentabilidade com projetos de educação ambiental e uma cooperativa escolar formada por alunos que dirigem essa iniciativa. Este ano, em 2024, introduzimos o programa Campo Limpo para complementar o que a escola já vem realizando. O projeto é um diferencial que chegou para agregar e fortalecer as ações de sustentabilidade que desenvolvemos,” explicou Cida.
Ela também ressaltou a importância de unir o trabalho educacional com as práticas vivenciadas pelas famílias dos alunos, muitos deles filhos de produtores rurais. “O projeto Campo Limpo é de suma importância para nossa comunidade, especialmente porque estamos no berço do cooperativismo e do agronegócio. A logística reversa, que é fundamental para a sustentabilidade, agora faz parte do dia a dia dos alunos, integrando as atividades da escola com a realidade de suas famílias,” afirmou Cida.
Além da educação, o evento também contou com a presença de parceiros importantes do setor cooperativista, como o Sicredi Campos Gerais e Grande Curitiba PR/SP, que reforçou seu compromisso com a sustentabilidade através de um convênio firmado com a Assocampos. O presidente do Sicredi, Márcio Zwierewicz, falou sobre a importância dessa parceria no contexto do Dia Nacional do Campo Limpo.
“O Sicredi está celebrando um convênio com a Assocampos, uma associação representativa de toda a região dos Campos Gerais, focada no desenvolvimento ecológico e ambiental. Como cooperativa, é uma grande honra estar nesse evento firmando esse tipo de parceria, onde vamos atender de forma diferenciada os associados vinculados à Assocampos. Para nós, é uma grande satisfação contribuir para o desenvolvimento sustentável do campo, alinhando nossos produtos e serviços às necessidades dos agricultores que respeitam o meio ambiente,” declarou Zwierewicz.
Essa sinergia entre educação e cooperativismo mostrou que o caminho para um agronegócio mais sustentável passa pela união de esforços entre escolas, cooperativas e comunidades rurais, preparando as futuras gerações para preservar e prosperar no campo.
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