Dois marcos fundamentais para a agricultura familiar da região dos Campos Gerais foram celebrados nesta segunda-feira (16), na sede do Sebrae, em Ponta Grossa. A Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) promoveu o lançamento oficial do projeto ‘Campos Gerais + Agricultura’, uma iniciativa voltada à valorização, divulgação e expansão dos produtos tradicionais da agroindústria familiar regional. Na mesma solenidade, a Queijaria Vila Velha recebeu o Selo Arte, certificação nacional que chancela a qualidade e o caráter artesanal do produto, permitindo sua comercialização em todo o território brasileiro.
Com a presença de prefeitos, representantes municipais, líderes regionais e técnicos do Sebrae, o evento uniu estratégias de promoção econômica, fortalecimento da identidade regional e reconhecimento do esforço dos pequenos produtores.
Dayane Sovinski, prefeita de Imbaú e presidente da AMCG, destacou o alcance do novo projeto como uma vitrine para a produção familiar. “Esse é um start muito grande dentro da AMCG. São 19 municípios, e agora vamos conseguir mostrar a riqueza dos nossos produtos para o Paraná e para o Brasil inteiro. É uma vitrine da nossa identidade, dos produtos feitos com amor no campo.”
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Segundo a gestora, a maioria dos municípios que integram a AMCG tem na agricultura familiar sua principal atividade econômica. “Em Imbaú, temos 12 comunidades rurais com mais de 350 famílias. Não é diferente de Curiúva ou de outros pequenos municípios. O que nos mantém vivos economicamente é a força do campo.”
Dayane também ressaltou outras ações que fortalecem o setor, como o projeto Frutificar, desenvolvido em parceria com o Governo do Estado. “Queremos trabalhar a precificação e rentabilidade por metro quadrado nas pequenas propriedades. É sobre garantir renda digna ao agricultor.”
Douglas Borochok, gerente de planejamento da AMCG, explicou como o projeto se estrutura, destacando a construção de um catálogo digital e impresso com os produtos dos agricultores familiares. “O objetivo é garantir visibilidade e acesso ao mercado. Os produtores farão o cadastro via edital no site da AMCG, com fotos e dados sobre seus produtos, além das certificações necessárias como inspeção sanitária e o próprio Selo Arte.”
Douglas chamou atenção para o prazo de três meses de inscrição, mas fez um alerta importante. “Não deixem para a última hora. Se surgir uma dúvida ou erro, teremos tempo para corrigir. Estamos à disposição para apoiar.”
O catálogo, segundo ele, será usado em feiras, eventos de turismo e iniciativas institucionais, ampliando a conexão entre o produtor e o consumidor final.
Luciane Rosas, presidente do Comitê Territorial Avança Campos Gerais, destacou como o projeto se alinha com os quatro eixos do comitê: associativismo, compras públicas, cultura e inovação. “Temos buscado apoiar iniciativas como essa que valorizam a região e seus produtores. A agricultura familiar é forte aqui e precisa ser fortalecida cada vez mais.”
Um dos momentos mais emocionantes da solenidade foi a entrega do Selo Arte à Queijaria Vila Velha, de Ponta Grossa. O reconhecimento eleva a queijaria ao patamar de excelência nacional.
Para a prefeita Elizabeth Schmidt, trata-se de um marco histórico para o município. “Esse é o primeiro Selo Arte da nossa cidade. Uma conquista que abre portas não só para a Queijaria Vila Velha, mas para todos os pequenos empreendedores que têm coragem de acreditar no seu potencial.”
O secretário de Agricultura de Ponta Grossa, Izaltino Cordeiro dos Santos, lembrou que ações como o Selo Arte não são apenas econômicas, mas também culturais e estruturantes. “Estamos falando de tradição, de identidade, de negócios familiares que agora ganham estrutura para crescer. O município precisa ter políticas públicas voltadas a esse tipo de empreendimento.”
O processo para obter o Selo Arte envolveu suporte técnico do Sebrae. O gerente regional do Sebrae Centro, Michael Douglas Camilo, explicou a atuação da entidade. “O Sebrae tem como missão fortalecer os pequenos negócios, inclusive os rurais. Atuamos com capacitações, consultorias, adequações à legislação sanitária e apoio na gestão empresarial.”
Ele lembrou que o selo é individual, por produto, e que representa mais do que uma certificação técnica. “O Selo Arte representa identidade, origem e mercado. Ele transforma o produto artesanal em uma história viva, pronta para ser vendida no Brasil inteiro.”
Marcos Fusco, veterinário e consultor do Sebrae, acompanhou o processo desde o início e celebrou a conquista da queijaria. “Foi um desafio, mas também uma alegria imensa. A produtora colocou o coração no trabalho, o município apoiou, e o resultado está aí: um queijo de excelência com chancela nacional.”
A produtora Liliane Zaziski Aardoon, responsável pela Queijaria Vila Velha, emocionou a todos ao compartilhar o significado do selo. “Esse selo representa o carinho, o amor e a dedicação que colocamos no nosso trabalho. Ele mostra que o que a gente faz tem valor.”
Com a conquista, a produtora iniciou a ampliação do mercado. “Já posso mandar nossos produtos para Curitiba, por exemplo. Tínhamos pedidos, mas não podíamos vender. Agora, com o selo, isso muda completamente. Estamos até retomando vendas com clientes que havíamos perdido por falta de certificação.”
Liliane também destacou a vitória recente da queijaria no concurso Queijos do Paraná, com prêmios de ouro e bronze. “Foi muito especial ganhar o ouro com o nozinho, que é nosso carro-chefe. Também ganhamos bronze com queijos novos. É o reconhecimento de um trabalho que vem sendo feito com muita paixão.”
O evento em Ponta Grossa foi mais do que o lançamento de um projeto ou a entrega de um certificado. Foi a celebração de um território que valoriza suas raízes, aposta na força da agricultura familiar e acredita no futuro da agroindústria artesanal.
Com o apoio da AMCG, do Sebrae e dos municípios, os produtores da região dos Campos Gerais têm agora mais ferramentas, mais visibilidade e mais oportunidades de crescimento. E, como mostrou a história da Queijaria Vila Velha, o sabor da conquista é sempre mais forte quando feito à mão.