Com 66,3% do território nacional coberto por vegetação nativa (IBGE, 2023) e mais de 83% da eletricidade proveniente de fontes renováveis (EPE, Balanço Energético Nacional 2024), o Brasil já parte de uma posição diferenciada em termos de sustentabilidade estrutural. O país é responsável por cerca de 1,3% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), embora represente mais de 2,7% do PIB global (FMI, 2024), o que evidencia uma intensidade de carbono relativamente baixa em sua matriz produtiva.
Ademais, o agronegócio brasileiro, que responde por 24,8% do PIB nacional (CEPEA/USP, 2024), já opera com tecnologias sustentáveis como plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O avanço de tecnologias como sensores remotos, agricultura de precisão e inteligência artificial (IA) permite ganhos simultâneos de produtividade e eficiência ambiental.
A aplicação de inteligência artificial em setores estratégicos está revolucionando a forma como se gerencia energia, recursos naturais e cadeias logísticas. Um estudo da PwC (2023) estima que o uso de IA pode reduzir as emissões globais de CO₂ em até 4% até 2030, ao passo que pode gerar um incremento de US$ 5,2 trilhões no PIB mundial — sobretudo por meio de eficiência energética e gestão inteligente de processos industriais.
No setor elétrico, a IA já permite a modelagem preditiva de consumo, o controle autônomo de redes inteligentes (smart grids) e o armazenamento otimizado de energia em baterias. Na agroindústria, algoritmos auxiliam no monitoramento climático, na previsão de safras e na redução de perdas logísticas — com impactos positivos sobre emissões e custos operacionais.
Contudo, é fundamental que o investimento em IA seja realizado com foco em resultados tangíveis e sem substituição do trabalho humano em larga escala. A política pública conservadora deve priorizar a requalificação profissional, a infraestrutura digital e a cooperação com o setor privado como pilares dessa transição tecnológica.
“Uma política ambiental eficaz não pode ignorar os custos fiscais e as externalidades econômicas associadas à sua implementação. A criação de novas taxas ambientais, aumento da burocracia regulatória ou restrições desproporcionais à produção são elementos que devem ser evitados.”
O Brasil possui um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, e qualquer política de sustentabilidade que não considere sua racionalização tende a ser contraproducente.
A política conservadora defende que instrumentos de mercado, como créditos de carbono voluntários, financiamento privado de tecnologias verdes, parcerias público-privadas e incentivos à pesquisa aplicada, são mais eficazes do que subsídios permanentes ou intervenções estatais massivas. O “greenwashing regulatório” — isto é, políticas ambientais que aumentam custos sem ganhos reais de sustentabilidade — deve ser combatido com evidência empírica e auditoria independente.
A crescente pressão de países desenvolvidos por padrões ambientais unificados, muitas vezes descolados da realidade latino-americana, precisa ser enfrentada com firmeza. A imposição de barreiras tarifárias “verdes”, como o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira (CBAM, na sigla em inglês), é uma forma velada de protecionismo. O Brasil deve preservar sua autonomia sobre sua política ambiental, assegurando que qualquer adesão a acordos internacionais seja compatível com seus interesses estratégicos.
Os biomas brasileiros, em especial a Amazônia, são ativos geopolíticos e não podem ser tratados como “patrimônio global” à revelia da Constituição e da soberania nacional. Projetos como o mercado regulado de carbono, se instituídos, devem ser geridos por agências técnicas com governança nacional e metas calibradas à realidade brasileira.
A economia verde pode ser uma via concreta de desenvolvimento para o Brasil — desde que estruturada sobre bases conservadoras: eficiência, protagonismo do setor privado, meritocracia, racionalidade fiscal e soberania. A tecnologia e a inteligência artificial devem ser tratadas como instrumentos de empoderamento do produtor rural, da indústria nacional e dos trabalhadores, e não como mecanismos de controle político ou concentração de poder estatal.
Em resumo, o Brasil não precisa de mais burocracia para ser sustentável. Precisa de mais liberdade econômica, mais inovação aplicada, mais respeito à propriedade privada e mais confiança em quem produz. É possível crescer e preservar, investir e equilibrar, inovar e respeitar as raízes de um povo que constrói o futuro com responsabilidade e liberdade. Esse é o verdadeiro caminho da economia verde sob a ótica conservadora.