A 18ª edição da ExpoFrísia, realizada em Carambeí, Paraná, reuniu mais de 10 mil visitantes em uma grande celebração do centenário da Cooperativa Frísia. O evento, que se firmou como uma vitrine nacional de inovações na pecuária leiteira, destacou a adoção crescente de tecnologias de monitoramento animal como ferramenta essencial para o aumento da produtividade e do bem-estar dos rebanhos.
Entre os temas centrais debatidos por especialistas, o uso de sensores e inteligência artificial na gestão do rebanho chamou atenção pela sua capacidade de transformar a rotina do produtor e otimizar os índices zootécnicos das propriedades.
Eduardo Ichikawa, gerente executivo de Pecuária da Cooperativa Frísia, destacou os impactos positivos do monitoramento contínuo no manejo diário dos animais. "Em relação à monitoração dos animais, o destaque é a importância de entender o comportamento individual para aumentar a produtividade e o bem-estar. O monitoramento 24 horas permite ações rápidas, seja para tratar uma doença, detectar cio ou estresse calórico. Isso é pecuária de precisão, que possibilita também selecionar os melhores animais para aprimorar o rebanho", afirmou Ichikawa.
A tecnologia em destaque no evento é aplicada de forma simples e eficaz: coleiras com sensores inteligentes são colocadas nos animais para coletar dados comportamentais em tempo real. Essa inovação já está sendo usada por milhares de produtores e é considerada uma revolução silenciosa no campo.
Leonardo Guedes, um dos fundadores da Cowmed, empresa especializada em tecnologia de monitoramento de rebanhos, explicou como funciona esse sistema inteligente. "A Cowmed traduz a opinião da vaca. Capturamos o comportamento ao longo do dia para gerar indicações ao produtor. É como se a vaca tivesse um smartwatch. A coleira monitora se ela está comendo, ruminando, descansando, no cio, com estresse térmico ou doente", explicou Guedes.
Segundo o empresário, todos esses dados são analisados por uma inteligência artificial que fornece recomendações personalizadas, permitindo ao produtor agir com agilidade e precisão. "Isso reduz o tempo de tratamento, evita perdas na produção de leite e diminui significativamente os descartes. Estimamos uma redução de 30% a 40% nos descartes anuais graças à detecção precoce de doenças", acrescentou.
Na parte reprodutiva, o sistema também mostra sua eficácia. Detectar o cio e indicar o melhor momento para a inseminação de cada vaca se tornou uma tarefa automatizada e muito mais precisa. "O produtor precisa de vacas prenhas para manter alta produtividade. A coleira identifica o cio e o momento ideal para inseminação, além de mostrar informações reprodutivas detalhadas", disse Guedes.
Com um aplicativo intuitivo, o produtor pode acessar todos os dados de qualquer lugar do mundo. O sistema ainda envia alertas sempre que um comportamento fora do padrão é identificado. "O rebanho passa a estar conectado. Mesmo à distância, o veterinário ou gestor pode orientar decisões com base em dados atualizados. A IA da Cowmed, que chamamos de VIC, (Virtual Interpreter of Cows -Intérprete Virtual de Vacas) analisa alterações e sugere causas prováveis, como qualidade de cama ou presença de amônia", explicou.
Além do comportamento individual, o sistema permite visualizar o desempenho coletivo do rebanho, o que ajuda na tomada de decisões estratégicas relacionadas à nutrição, conforto térmico e ambiente.
Outro ponto relevante é a integração do sistema de monitoramento com as plataformas de ordenha e softwares de gestão. Isso possibilita cruzar dados de comportamento com produção de leite em tempo real.
"Hoje conseguimos integrar com os principais sistemas de ordenha e gestão. Assim, além do comportamento, sabemos quantos litros cada vaca está produzindo. Isso oferece um panorama completo da saúde e da produtividade", afirmou Guedes.
A implantação da tecnologia, no entanto, exige mais do que apenas equipamentos modernos. A Cowmed se compromete com o treinamento contínuo dos produtores, oferecendo suporte técnico permanente. "A tecnologia não pode ser entregue e abandonada. Temos uma equipe que acompanha a evolução das fazendas, com capacitação contínua, ajudando os produtores a usarem todas as funcionalidades de forma eficaz", reforçou Guedes.
Ao final da palestra, ficou claro que a vaca conectada não é mais uma promessa do futuro, mas uma realidade que está transformando silenciosamente a pecuária leiteira brasileira. Com mais conforto e cuidado, os animais respondem com produtividade, e os produtores ganham em rentabilidade e qualidade de vida no campo.
O destaque da ExpoFrísia reforçou a importância da tecnologia como aliada estratégica do agronegócio, e o papel da Cooperativa Frísia como catalisadora dessa transformação.