Entre abril de 2023 e abril de 2024, o preço do arroz para o consumidor brasileiro aumentou 25,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas atribuem essa alta à valorização do grão no mercado internacional e a uma oferta ajustada à demanda. A Índia, maior exportadora mundial de arroz, suspendeu exportações em julho de 2023 devido a problemas climáticos, o que elevou os preços globais. No Brasil, a produção também sofreu redução, caindo de 11,7 milhões de toneladas em 2020/2021 para 10,03 milhões em 2022/2023, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os preços da soja e do milho apresentaram volatilidade nos últimos anos. A soja, principal commodity brasileira, teve seu preço influenciado por fatores como a demanda chinesa, variações cambiais e condições climáticas. O milho também sofreu impactos semelhantes, além de ser afetado pela concorrência com o etanol nos Estados Unidos.
O café, especialmente o tipo arábica, enfrentou oscilações de preços devido a eventos climáticos extremos, como geadas e secas, que afetaram a produção nas principais regiões produtoras do Brasil. Esses eventos reduziram a oferta e pressionaram os preços no mercado interno e externo.
As perspectivas para 2025 indicam que os preços das commodities continuarão sensíveis a fatores climáticos, políticas comerciais internacionais e variações cambiais. A estabilidade dependerá da recuperação das safras, das condições climáticas favoráveis e das políticas governamentais de apoio ao setor agrícola.
A evolução dos preços das commodities no Brasil entre 2022 e 2024 reflete a complexidade do mercado global e a necessidade de estratégias eficazes para mitigar os impactos das oscilações nos preços e garantir a segurança alimentar.
“Alimentos não são os principais vilões da alta inflação no Brasil: dados revelam outros fatores predominantes”
Embora os alimentos frequentemente recebam destaque nas discussões sobre o aumento do custo de vida, dados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, mostram que eles não são os principais responsáveis pela alta da inflação no Brasil nos últimos anos.
Segundo o IPCA de 2023, os grupos que mais pressionaram a inflação foram:
• Saúde e cuidados pessoais: +10,52% no acumulado do ano — com destaque para os reajustes nos planos de saúde (até 9,6%) e produtos de higiene pessoal.
• Transportes: +7,7% — fortemente impactados por combustíveis (com destaque para gasolina, que subiu cerca de 12,7% em 2023) e aumento de preços de carros usados.
• Despesas pessoais: +6,56% — com altas em serviços como cabeleireiros, manicure e recreação.
Enquanto isso, o grupo “Alimentação e bebidas” teve alta de apenas 1,03% em 2023, sendo que a alimentação no domicílio caiu -0,52%, ajudando a segurar a inflação geral, conforme o IBGE. Ou seja, os alimentos, longe de impulsionarem a inflação, contribuíram para amenizá-la.
O setor de serviços, que inclui aluguel, educação e saúde, teve uma alta significativa por causa da retomada econômica pós-pandemia e do aquecimento do mercado de trabalho. Os preços administrados (como energia elétrica, gasolina e tarifas públicas) também foram grandes influenciadores da inflação, com reajustes acima da média.
Além disso, há um componente estrutural na inflação brasileira que pouco tem a ver com alimentos: os custos de produção, a carga tributária elevada e a ineficiência logística encarecem produtos e serviços. A inflação de serviços, por exemplo, está ligada à maior demanda em um contexto de crescimento do consumo.
Portanto, ao contrário da percepção comum, os alimentos não são os principais vilões da inflação brasileira recente. Os dados mostram que serviços, combustíveis e reajustes de preços administrados exerceram pressões inflacionárias mais fortes e constantes. Assim, políticas de combate à inflação devem mirar esses setores com mais ênfase, em vez de penalizar o setor agrícola ou atribuir a ele uma responsabilidade desproporcional.