A Fundação ABC promoveu, nos dias 19 e 20 de fevereiro de 2025, a 28ª edição do Show Tecnológico Verão, evento que reuniu produtores rurais, agrônomos e técnicos de diversas regiões do Brasil no CDE Ponta Grossa, localizado na PR-151, km 318.
O evento contou com 55 empresas do setor apresentando inovações em manejo de pragas, doenças e novas tecnologias.
Entre os destaques, a apresentação de um estudo de 35 anos sobre sistemas de manejo do solo chamou a atenção dos participantes.
O coordenador do setor de solos e nutrição de plantas da Fundação ABC, Gabriel Barth, destacou a relevância da pesquisa, iniciada em 1989, que avalia a evolução do plantio direto e outros métodos de preparo do solo. “Esse ensaio de longa duração permite entender os impactos das diferentes formas de manejo sobre a estrutura e a fertilidade do solo. Estamos comparando o preparo convencional com arado em contraponto ao sistema plantio direto sem revolvimento do solo e, incluindo mais dois sistemas intermediários, que seriam o plantio direto com escarificação a cada três anos e um manejo mínimo com uso de grade aradora”, explicou.
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Impactos agronômicos e econômicos do manejo do solo
Durante a feira, os visitantes puderam observar de perto os efeitos desses manejos na estrutura do solo por meio de uma trincheira aberta no local. A demonstração permitiu visualizar camadas de nutrientes e comparar a retenção de carbono, fósforo, potássio e zinco entre os diferentes sistemas. “A diferença é significativa. No sistema de plantio direto bem manejado, por exemplo, observamos maiores teores de fósforo no solo em relação ao sistema convencional, o que se traduz em melhor nutrição para as culturas”, apontou Barth.
A pesquisa também analisou os impactos financeiros do manejo conservacionista. Segundo o especialista, o produtor que adota boas práticas de manejo do solo consegue reduzir perdas produtivas e aumentar a rentabilidade a longo prazo. “Quando comparamos os resultados com um sistema convencional de 40 anos atrás, vemos que pequenos detalhes fazem toda a diferença na produtividade. O manejo correto do solo evita perdas e amplia o potencial de resposta das plantas”, A projeção financeira mostrou que o saldo econômico para o grupo ABC é de até 200 milhões de reais por ano. ressaltou.
Plantio direto e resiliência climática
Outro aspecto analisado no estudo é a interação do manejo do solo com eventos climáticos extremos. A pesquisa, realizada em parceria com o setor de agrometeorologia da Fundação ABC, evidencia como sistemas conservacionistas ajudam na retenção de umidade e na redução dos impactos de chuvas intensas. “Eventos como as chuvas fortes registradas em fevereiro mostram como o plantio direto bem manejado pode ser um aliado na sustentabilidade da produção. A estrutura do solo melhora, aumentando sua capacidade de infiltração e reduzindo processos erosivos”, explicou Barth.
Além da análise agronômica, o estudo também considerou a restrição de adubação desde 1993, especialmente de fósforo e potássio, demonstrando a importância do balanço nutricional adequado. A diferença entre lavouras adubadas e aquelas com restrição de nutrientes foi visível no porte das plantas. “Mesmo com menor aplicação de fertilizantes, alguns sistemas mantiveram estoques de carbono semelhantes ou até superiores aos do manejo adubado, o que nos leva a refletir sobre estratégias eficientes de nutrição”, afirmou o coordenador.
Sustentabilidade e produtividade
A pesquisa reforça que o plantio direto conservacionista é uma estratégia viável para aumentar a resiliência do solo e melhorar a rentabilidade do produtor. “O estudo comprova que o manejo correto do solo é essencial para a sustentabilidade agrícola, não apenas do ponto de vista econômico, mas também ambiental”, concluiu Barth.
Com base nos resultados obtidos ao longo das últimas décadas, os especialistas da Fundação ABC continuam aprimorando recomendações para os produtores, reforçando a importância de boas práticas agrícolas para garantir produtividade e preservação dos recursos naturais.