O setor de máquinas agrícolas fechou outubro com um desempenho preocupante. A receita líquida caiu 23% em relação ao mesmo período de 2023, refletindo um cenário desafiador para o mercado interno e para as exportações. Essa retração se acentua diante da crise que afeta as vendas de tratores e colheitadeiras, com uma queda acumulada de 26,9% até outubro de 2024.
As vendas internas recuaram 16,9%, enquanto as exportações de máquinas agrícolas caíram 17,1%. A produção de colheitadeiras foi especialmente impactada, registrando uma queda drástica de 62% nas vendas totais e uma retração de 60,8% no acumulado do ano. Já o mercado de tratores apresentou uma redução de 22,9% nas vendas totais, destacando a crise generalizada no segmento.
O desempenho negativo contrasta com a recuperação observada em outros setores da indústria de máquinas e equipamentos, que registraram crescimento nas exportações e aumento do consumo aparente. No entanto, o segmento agrícola continua sofrendo os efeitos de uma desaceleração nos investimentos e da queda nos preços internacionais dos produtos agrícolas.
Segundo especialistas, a queda nas vendas de máquinas agrícolas está diretamente ligada ao cenário econômico desafiador enfrentado pelos produtores rurais. A redução do crédito rural e o aumento dos custos de produção são fatores que têm impactado a capacidade de investimento do setor.
Além disso, a retração nas exportações de máquinas agrícolas reflete a desaceleração da demanda global. Enquanto mercados como Estados Unidos e Argentina apresentaram quedas significativas nas importações de máquinas brasileiras, outros países, como Singapura e México, mostraram um aumento na demanda, ainda que insuficiente para reverter o quadro geral.
O cenário preocupa o setor industrial, que vê nas máquinas agrícolas um importante motor de crescimento e inovação tecnológica. Para enfrentar os desafios, representantes da indústria defendem a ampliação das linhas de crédito e a criação de políticas públicas que incentivem a modernização do parque de máquinas no campo.
Mesmo com o panorama desafiador, o setor mantém otimismo moderado para 2025. A expectativa é que uma recuperação nos preços agrícolas e um cenário macroeconômico mais favorável possam impulsionar as vendas de máquinas no próximo ano. O foco, segundo especialistas, deve ser o incentivo à exportação e a busca por novos mercados, além de iniciativas que promovam a sustentabilidade e a eficiência no uso das máquinas no campo.
Com os resultados de 2024, o setor de máquinas agrícolas precisa repensar suas estratégias e buscar alternativas para superar os desafios impostos pelo cenário atual. A recuperação das vendas e a retomada do crescimento passam, inevitavelmente, pela capacidade de adaptação e inovação do setor, que tem no agronegócio um dos pilares da economia brasileira.
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