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A Fraca Industrialização dos Municípios Brasileiros: Desafios e Consequências para o Desenvolvimento

A industrialização no Brasil, embora tenha avançado nas últimas décadas, segue marcada por desigualdades regionais e concentração de atividades econômicas em poucas áreas. A maioria dos municípios brasileiros enfrenta dificuldades para desenvolver uma base industrial sólida, o que tem repercussões negativas para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país como um todo.

Redação
Por: Redação Fonte: Vinícius Brizola de Oliveira
17/10/2024 às 08h49
A Fraca Industrialização dos Municípios Brasileiros: Desafios e Consequências para o Desenvolvimento
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que apenas cerca de 5% dos municípios do Brasil concentram quase 80% do valor adicionado pela indústria nacional, refletindo a fragilidade da expansão industrial no país. A industrial

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que apenas cerca de 5% dos municípios do Brasil concentram quase 80% do valor adicionado pela indústria nacional, refletindo a fragilidade da expansão industrial no país.
A industrialização no Brasil é amplamente concentrada em algumas regiões, principalmente no Sudeste, com destaque para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), São Paulo sozinho responde por cerca de 30% do valor total da produção industrial do país, com setores como automotivo, bens de capital e química sendo predominantes.

O contraste é marcante quando se observa a situação de outras regiões. No Norte e no Nordeste, por exemplo, a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) regional é significativamente menor. Estima-se que, no Nordeste, o setor industrial representa menos de 15% do PIB, enquanto no Norte esse número fica abaixo de 10%. Essa desigualdade reflete a falta de políticas de incentivo e infraestrutura adequada para o desenvolvimento industrial em regiões menos favorecidas.

Um dos principais obstáculos à industrialização de municípios brasileiros fora das áreas tradicionais é a infraestrutura precária. Muitas cidades do interior, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enfrentam problemas como a falta de rodovias pavimentadas, ferrovias e sistemas portuários eficientes. Essa deficiência logística aumenta os custos de produção e transporte, tornando a operação industrial inviável em muitos municípios.

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O chamado "Custo Brasil" — que inclui altos custos logísticos, carga tributária elevada e burocracia excessiva — é outro fator que inibe a expansão industrial. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o Custo Brasil adiciona, em média, 20% ao preço final dos produtos industrializados, prejudicando a competitividade do setor no mercado interno e externo. A consequência é que muitas empresas optam por se estabelecer em grandes centros urbanos, onde a infraestrutura é mais desenvolvida e os incentivos fiscais são mais acessíveis.

A ausência de políticas públicas eficazes para promover a descentralização industrial também é um problema crônico. Enquanto algumas regiões, como o Sudeste e Sul, se beneficiam de políticas de incentivo fiscal, subsídios e investimentos em infraestrutura, outras áreas permanecem marginalizadas. Um exemplo é a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, que se destaca como uma exceção no Norte do país, mas cuja dependência excessiva de incentivos fiscais levanta questionamentos sobre sua sustentabilidade a longo prazo.

Além disso, muitos municípios menores não têm acesso a recursos para desenvolver projetos industriais de médio e longo prazo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal financiador de projetos industriais no Brasil, canaliza a maior parte de seus recursos para grandes empresas e projetos localizados nas áreas mais desenvolvidas do país. Isso cria um ciclo de concentração, onde os municípios menores e menos industrializados têm pouca chance de atrair investimentos significativos.

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Outro fator que limita a industrialização nos municípios brasileiros é a predominância de setores de baixa tecnologia ou atividades de transformação primária, como a produção de alimentos e a manufatura de produtos agrícolas. Embora esses setores desempenhem um papel importante em algumas regiões, eles oferecem menos oportunidades de desenvolvimento tecnológico e inovação, fatores críticos para o crescimento industrial sustentável.

A baixa qualificação da mão de obra local é outro desafio significativo. Dados do IBGE mostram que muitos municípios carecem de trabalhadores qualificados, especialmente em áreas técnicas e de engenharia, o que impede o avanço de setores mais sofisticados da indústria, como tecnologia, automação e eletrônicos. A falta de investimento em educação técnica e superior, especialmente em regiões menos desenvolvidas, limita as oportunidades de geração de empregos de alta qualidade.

A fraca industrialização em grande parte dos municípios brasileiros gera uma série de consequências econômicas e sociais. 

“A dependência de setores primários, como a agricultura e o extrativismo, mantém muitas cidades vulneráveis às oscilações dos preços das commodities, o que prejudica a estabilidade econômica. Além disso, a ausência de uma base industrial forte reduz as oportunidades de emprego e perpetua a desigualdade social e regional.”

A concentração industrial em poucas áreas também acentua o êxodo rural e o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos. Municípios que não conseguem desenvolver uma base industrial sólida veem suas populações migrar para cidades maiores em busca de melhores oportunidades de emprego, o que pressiona ainda mais a infraestrutura e os serviços públicos nas grandes metrópoles.

A fraca industrialização da maioria dos municípios brasileiros é um reflexo das desigualdades regionais e dos desafios estruturais que o país enfrenta. Embora o Brasil tenha avançado no desenvolvimento de alguns setores industriais, a concentração em poucas regiões e a falta de infraestrutura, incentivos e mão de obra qualificada dificultam o crescimento em áreas mais afastadas dos grandes centros econômicos. 

Para promover um desenvolvimento mais equilibrado e inclusivo, é fundamental que o país invista em políticas públicas que incentivem a industrialização de regiões menos desenvolvidas, com foco em infraestrutura, inovação e qualificação profissional.

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A Coluna Economia e Agro é escrita pelo economista Vinícius Brizola de Oliveira, atual Secretário da Fazenda do município de Piraí do Sul, nos Campos Gerais, que conhece o potencial econômico da região. Já trabalhou por mais de uma década no setor do agronegócio na área de finanças e, hoje, no setor público, complementa sua visão sobre as necessidades da região.
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