Nos últimos anos, a Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF) assumiu um papel importante no fortalecimento do sistema sindical rural paranaense. Por meio da capacitação de novas lideranças e incentivo à participação feminina no setor, o movimento ganhou reconhecimento nacional. Com a missão de ampliar a atuação, 35 integrantes da CEMF, maior delegação do Brasil, participaram do 1º Fórum da Liderança Sindical Feminina, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no dia 3 de julho, em Brasília.
O evento organizado pela Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA, que também atua para ampliar o protagonismo feminino dentro do sistema sindical, promoveu a interação de produtoras rurais, enfatizando a importância da representatividade no setor agropecuário.
De acordo com a presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA, Stéphanie Ferreira, o evento é um marco na história do sistema sindical rural do Brasil, reunindo representantes de 18 comissões de mulheres de diversos Estados, somando mais de 350 participantes.
“Nós sabemos o quão difícil é o caminho da liderança, por isso, a capacitação é uma ferramenta. Nosso propósito é sensibilizar as mulheres para assumirem posições de liderança. Esse é o legado que estamos construindo para as futuras gerações”, afirma.
Nesse contexto, a coordenadora da CEMF, Lisiane Rocha Czech, destaca os resultados alcançados pelo trabalho realizado no Paraná, um dos pioneiros na organização desse tipo
de iniciativa. Atualmente, mais de 2,6 mil produtoras rurais estão envolvidas em 85 comissões locais.
“Ter representantes que compreendam nossas necessidades assegura que políticas
públicas adequadas sejam desenvolvidas e implementadas. A participação feminina na
política, seja no Executivo ou no Legislativo, só contribui para o fortalecimento do nosso
setor e enriquece o debate, garantindo que as nossas vozes sejam ouvidas”, aponta Lisiane, lembrando que, apesar de ser maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres representam apenas 18% de parlamentares.
A programação do evento incluiu painéis sobre o cenário político brasileiro, o fortalecimento do sistema sindical rural patronal, reflexões sobre o ambiente institucional e o impacto da comunicação, além de uma oficina sobre representatividade rural.
Para Gayza Maria de Paula Iácono, presidente do Sindicato Rural de Rolândia e coordenadora da comissão local de mulheres, o evento comprova a força da representatividade da CEMF no cenário nacional. “Nós estamos fazendo a diferença do Brasil e a nossa união também pode inspirar outros Estados. Essa valorização é fundamental para encorajar as mulheres a despertarem para o espírito de liderança”, apontou.
A dirigente reforça que a mulher sempre esteve presente no setor, mas não mostrava
seu verdadeiro potencial, muitas vezes, por não encontrar o apoio necessário. É nesse
sentido que a CEMF atua, aproximando as mulheres de diferentes regiões do Paraná
e incentivando sua capacidade de ocupar funções estratégicas para fortalecer a representatividade do setor. Durante o evento, as participantes encontraram o mesmo propósito, com oportunidades para trocar experiências e se inspirar com histórias de mulheres de todo o país.
Na avaliação de Luchele Sirtoli, coordenadora da comissão local de mulheres em Ampére, na região Sudoeste, a CEMF incentiva a participação feminina no sistema sindical paranaense, contribuindo para o fortalecimento desse movimento no Brasil.
“O Paraná mostra o quão forte é o nosso movimento e como somos organizadas”,
reflete. “Nosso interesse também é viabilizar melhores políticas agrícolas para o setor. Precisamos participar das tomadas de decisões e estamos nos capacitando para
isso”, complementa Luchele.
Durante a visita a Brasília, as integrantes da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF) se reuniram com deputados federais da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para debater questões importantes para o desenvolvimento do agronegócio paranaense.
Os parlamentares Sérgio Souza, Tião Medeiros e Pedro Lupion, também presidente da FPA, receberam um documento com pedidos para melhorias no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e no Cadastro Ambiental Rural (CAR), municipalização do Imposto Territorial Rural (ITR), além de medidas para desburocratização e incentivo aos bioinsumos.
O material destaca a inviabilidade de adesão ao Proagro devido às recentes alterações nas alíquotas dos adicionais, que impactam o custo de produção, e as dificuldades enfrentadas pelos produtores para contratação de crédito e seguro rural, ocasionadas por problemas com o georreferenciamento do CAR.
Além disso, o documento reforça os questionamentos levantados pelo Sistema FAEP/SENAR-PR sobre o ITR, calculado com base no Valor da Terra Nua (VTN), e as divergências de valores em diversos municípios do Paraná. A situação tem onerado os produtores rurais, motivando notificações e entraves com a Receita Federal.
Na ocasião, também estiveram presentes a senadora e ex-ministra, Tereza Cristina; o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi; e a superintendente do Sistema OCB e vice-presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Tania Zanella.