O Santuário de Nossa Senhora das Brotas é um verdadeiro símbolo de história, fé e milagre, com uma ligação especial ao primeiro santo brasileiro, Frei Galvão. A origem de sua devoção remonta a 1808, quando uma estampa milagrosamente resistiu ao fogo, tornando-se o ícone central de uma tradição de fé que perdura até hoje.
Atualmente, o santuário atrai peregrinos de toda a região, unindo religiosidade, cultura e turismo. A tradicional procissão, com cerca de 3,5 quilômetros entre a Igreja Matriz Senhor Menino Deus e o Santuário, foi um momento de intensa devoção. O Bispo da Diocese de Ponta Grossa, Dom Bruno Elizeu Versari, ressaltou como esses momentos revelam a força da religiosidade popular e o poder das comunidades em se fortalecerem espiritualmente. “De tradição e fé da comunidade, as pessoas constroem, atrás de uma devoção, um esforço e um reforço para a fé. Acho que a oportunidade de participar de um evento como esse é aquilo que a gente fala da religiosidade popular. A Igreja fala bastante sobre isso, momentos de religiosidade popular na vida, na fé.”, afirma.
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Durante o trajeto, marcado pela oração e pela conexão entre os participantes, o Bispo também assumiu o papel de peregrino, caminhando junto aos fieis até o Santuário, onde celebrou a Santa Eucaristia. “É assim que eu venho também, como peregrino, junto com os fieis, fazer a caminhada de fé, até ao santuário, celebrar a Santa Eucaristia. Então, eu também quero ser peregrino sob a proteção de Nossa Senhora.”, afirmou
A caminhada deste ano ocorre em um momento especial para a Igreja Católica, com o Jubileu da Esperança aberto pelo Papa Francisco no dia 24 de dezembro. Na Diocese de Ponta Grossa, a celebração oficial será no dia 29 de dezembro, marcando o início de um ano dedicado à renovação da fé e à superação dos desafios.
“Esse Jubileu é um convite que o Papa faz: ‘Não percam a esperança’. Porque tem certos momentos que dá uma sensação de cansaço, de desânimo. Então, o convite é esse: não percam a esperança. É possível construir um mundo marcado pela fé, onde as pessoas se ajudam, se respeitam e onde é possível construir uma sociedade de bem, uma sociedade de paz”, ressaltou Dom Bruno.
O reitor do Santuário, Pe. Luiz Carlos Mirkoski, descreveu a emoção de ver a multidão reunida para celebrar Nossa Senhora das Brotas, refletindo sobre o significado espiritual e cultural do evento. "Poder ver toda essa multidão que veio celebrar Nossa Senhora das Brotas, são devotos, são romeiros peregrinos que amam... Isso deixa o nosso coração cheio de alegria e gratidão pelo momento que estamos vivendo. Que Nossa Senhora das Brotas seja sempre louvada e glorificada. Ela é a mãe e padroeira deste santuário, levando Piraí do Sul a tantos lugares e abençoando a todos.”, afirma.
Pe. Luiz destacou ainda o papel da padroeira na união da comunidade e no fortalecimento da fé entre os fiéis que visitam o santuário, reforçando a devoção que atravessa gerações.
Em homenagem a Nossa Senhora das Brotas, protetora da agropecuária e Padroeira de Piraí do Sul e Portal da Rota do Rosário, a criatividade e devoção de Beatriz Barbosa Burigo chamaram a atenção. Beatriz, responsável pela ornamentação do andor, decidiu simbolizar a ligação da santa com a terra, utilizando produtos agrícolas produzidos na região.
"Nós pensamos então, já que Ela é protetora, da lavoura, e para pedir pelos agricultores e as plantações, resolvemos colocar no andor o que cultivamos aqui. Então ali tem soja, feijão, frutas, verduras, tudo produzido aqui em Piraí", declarou Beatriz.
O andor, adornado com os frutos do trabalho local, representou não apenas um ato de fé, mas também um tributo aos agricultores da região. "Nossa Senhora das Brotas mostra os brotos da nossa cidade, e isso também é um pedido de bênçãos para que todos tenham uma colheita farta e abençoada", completou Beatriz.
Vinícius Nadal de Masi, presidente do Clube dos Tropeiros Alma Sem Fronteira, enfatizou a importância histórica e cultural de Nossa Senhora das Brotas e o papel do Santuário como Portal da Rota do Rosário no Paraná, especialmente para os peregrinos a cavalo. Durante um evento que celebrou a fé e a cultura tropeira, ele destacou o forte vínculo entre religiosidade e tradições tropeiras, afirmando que o tropeiro é, acima de tudo, um homem de fé. Os tropeiros receberam as bênçãos de Dom Bruno para dar início à III Rota Tropeira da Rota do Rosário.
“Este é um momento histórico no qual resgatamos a cultura tropeira, que tem uma ligação direta com a religiosidade. O tropeiro é um homem de fé. Assim, temos uma conexão tanto religiosa quanto cultural. Durante a segunda Romaria Tropeira, levamos as imagens de Nossa Senhora das Brotas e São João Batista por mais de 22 municípios, percorrendo mais de 700 quilômetros. Isso reforça nossa missão de mostrar essa ligação entre fé, cultura e história para a população,” disse Vinícius.
A terceira edição da Romaria Tropeira está programada para começar oficialmente em 18 de janeiro, com a partida dos tropeiros. O objetivo é continuar promovendo o resgate e a valorização das tradições, além de fortalecer o turismo rural, cultural e religioso. “A Rota do Rosário é mais do que um trajeto religioso. É um elo entre a história cultural dos municípios e a espiritualidade de seus habitantes. Queremos que cada município perceba a relevância dessa conexão e que o turismo seja impulsionado pela riqueza de nossas tradições tropeiras,” concluiu Vinicíus.
A devoção a Nossa Senhora das Brotas reúne histórias comoventes de fé, promessas e milagres. Acompanhamos as experiências de duas devotas, Eliene Killer e Jocelene Garcia da Silva, que compartilham momentos de provação e superação com a intercessão da santa.
Graças a intercessão de Nossa Senhora das Brotas, ele está aqui hoje." Essa é a declaração emocionada de Eliene Killer, mãe do pequeno Artur. Ela relata o episódio que marcou sua fé. "Meu filho teve bronquiolite com apenas 37 dias de vida. Foram sete dias internados, sendo dois na UTI. O desespero tomou conta, mas em meio à escuridão, entreguei tudo à Nossa Senhora das Brotas. Hoje, Artur está bem e saudável. Não tenho dúvidas de que foi a sua intercessão que o salvou.", conta Eliene.
Para Jocelene das Brotas Garcia da Silva, a devoção a Nossa Senhora das Brotas é uma jornada de fé que ainda continua. Sua batalha começou quando seu filho mais velho foi diagnosticado com ceratocone, uma doença ocular que, em muitos casos, só pode ser tratada com transplante de córnea. "Descobri a doença em uma consulta particular, mas pelo SUS era tudo muito lento. Como mãe, minha preocupação era enorme. Então, recorri a Nossa Senhora das Brotas, pedindo que ela abrisse os caminhos para o tratamento. E ela fez. Conseguimos um acompanhamento eficiente e, graças a Deus, a doença está estável."
Jucilene também compartilhou uma promessa especial, "Durante um ano, não cortei nem pintei meu cabelo em sinal de devoção. No dia da festa dela, cortei e entreguei o cabelo como oferenda. Acredito que o milagre ainda virá. Para Deus e para ela, o impossível não existe." revela.
Entre orações e promessas, histórias de fé são celebradas por devotos de Nossa Senhora das Brotas, cuja devoção inspira esperança e renovação espiritual. Keller Faria é uma dessas fieis que encontrou na santa o alívio para um desejo profundo: tornar-se mãe. Sua narrativa é um testemunho de como a fé pode gerar milagres. "Minha filha Sarah Farias é a maior graça que recebi. Eu desejava muito engravidar, e foi pela intercessão de Nossa Senhora das Brotas que consegui. Isso aconteceu há oito anos, e desde então ela tem sido uma bênção na minha vida. Todo ano, até os 10 anos, ela vem vestida de anjo para honrar Nossa Senhora.", conta.
A Campanha dos Devotos de Nossa Senhora das Brotas, idealizada pelo Pe. Loir Antonio de Oliveira, é um dos grandes marcos do santuário. Em 2024, a campanha completa 15 anos, simbolizando uma trajetória de fé e esforço coletivo que transformou o espaço em um verdadeiro refúgio espiritual. Durante a entrevista, Pe. Loir relembrou o início desse projeto e os desafios enfrentados.
"Quando comecei no santuário, as condições eram bastante simples. Lembro que o Frei Guido já havia iniciado algumas melhorias, mas ainda havia muito a ser feito. Então pensei: ‘E se criarmos uma campanha dos devotos para ajudar nas despesas mensais? Assim, o dinheiro arrecadado nas festas poderia ser totalmente investido na infraestrutura.’ Foi o que fizemos, e hoje, 15 anos depois, vemos o quanto isso deu frutos. É emocionante ver o santuário se tornando um verdadeiro lugar de oração, onde as pessoas encontram paz e renovam sua fé.”, fala emocionado.
Pe. Loir também compartilhou o sonho que ainda alimenta: realizar o projeto visionário do Frei Guido de construir um grande santuário com capacidade para mais de mil pessoas."O Frei Guido tinha essa visão grandiosa, e quem sabe um dia consigamos concretizar esse sonho. Ainda me lembro do quadro com o projeto original, que ficava na secretaria paroquial. Seria incrível reunir esforços para fazer dessa ideia uma realidade, transformando o santuário na grande casa da Virgem Maria e de São Frei Galvão.”, espera o sacerdote.