Em uma jornada de fé e devoção, tropeiros de Campo Largo completaram em três dias um percurso de 150 km a cavalo até o Santuário de Nossa Senhora das Brotas, em Piraí do Sul, PR, Portal da Rota do Rosário. Chegando na tarde de sábado dia 01 de junho de 2024, foram recebidos com uma bênção do reitor Padre Luiz Carlos Mirkoski. Motivados pela gratidão e pelo desejo de agradecer pelas graças alcançadas, os cavaleiros fizeram paradas estratégicas para descanso, mantendo viva uma tradição ao título mariano que começou em 1808.
A Cavalgada de Campo Largo ao Santuário foi coordenada pelo agricultor, Paulo Duering, explica que o propósito da cavalgada iniciou há cinco anos e que pretende manter a tradição.
"Há cinco anos atrás fizemos uma cavalgada pra cá com um grupo de amigos e familiares, embora alguns tenham faltado, muitos continuam vindo conosco desde a primeira vez. Foi uma promessa que alguns fizeram, e a gente continua. Essa já é a terceira cavalgada, e estamos aqui para agradecer pelas graças recebidas", relatou.
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A jornada não é fácil, mas a motivação é sempre a fé. "São três dias de viagem, percorrendo 150 km, 50 por dia. Já tínhamos feito a rota antes e continuamos a mesma, com amizades formadas ao longo do caminho. Pessoas como o Joãozinho, que nos acolhe pela primeira vez em sua casa, e o Rule, cujo avô sempre nos ajudou. Lá na Ribeira, o Sr. Lauro também nos acolhe há anos, entre outros que encontramos pelo caminho.", relata.
Para o empresário e tropeiro, Angelo Adriano, se diz entusiasta da cavalgada, e que a experiência foi um sonho realizado. "Sempre ouvi falar dessa cavalgada por muitos anos. Por intermédio de amigos, e com o acesso à tecnologia, comecei a ver vídeos no YouTube e vi um documentário sobre Nossa Senhora das Brotas e me interessei muito. Era um sonho cavalgar os 150 km da nossa cidade até aqui. Fizemos isso em três dias e agora vamos pernoitar na cidade antes de voltar de caminhão."
Angelo destaca a dimensão espiritual da jornada: "É uma cavalgada religiosa, para agradecer pelas bênçãos que Nossa Senhora, independentemente do título, deixa em nossas vidas. Esse é o nosso intuito: agradecer pelas graças que temos recebido.", relata.
Já o tropeiro Airton Halat que é natural de Piraí do Sul, mas mora há mais de 30 anos em Campo Largo, relembra sua ligação com o local e a tradição da cavalgada. "Sou natural de Piraí, criado no bairro Santo André, a uns 10 km daqui. Frequentei muitas festas aqui quando era mais novo. Em 1980 saímos daqui e agora, com o pessoal de Campo Largo, voltamos para graças a Deus e a Nossa Senhora por nos proteger ao longo da vida." Para Airton, retornar ao local de origem tem um significado especial: "Sempre que há oportunidade, a gente que é filho da terra sempre volta para agradecer à Nossa Senhora das Brotas.", conta.
O devoto Gilmar Luiz Carpegiani, compartilha a satisfação e o significado espiritual da viagem. "Para mim foi maravilhoso. Já é a terceira vez que venho, e a parceria dos amigos e das pousadas é essencial. A recepção no Santuário foi muito proveitosa espiritualmente, e a confraternização é sempre um destaque." Durante a jornada, Gilmar comemorou o aniversário do irmão: "Rezamos e agradecemos pela vida e saúde dele em cada pousada, em cada almoço. Temos muito a agradecer. A cavalgada não é só uma oportunidade de passear, mas também uma jornada espiritual que sempre nos acompanha." afirma.
A história da devoção à Nossa Senhora das Brotas remonta ao ano de 1808, quando Frei Antônio de Santana Galvão, passando por Piraí do Sul, pernoitou na casa da viúva Ana Rosa da Conceição de Paula. Em agradecimento pela hospitalidade, o Frei deixou uma estampa com a efígie de Nossa Senhora das Barracas, recomendando: "Venerai sempre esta Santa Efígie porque ela é muito milagrosa".
Anos depois, Ana Rosa casou-se com Joaquim Maciel e, durante a mudança, perdeu a estampa. Após uma queimada na região, a efígie foi encontrada intacta em meio aos brotos de uma nova vegetação, um milagre que marcou o início do culto à Nossa Senhora das Brotas. Desde então, a estampa foi preservada e venerada, tornando-se um símbolo de fé e devoção na comunidade.
A cavalgada dos tropeiros de Campo Largo até o Santuário de Nossa Senhora das Brotas é uma demonstração de fé e gratidão. Os tropeiros, enfrentando o cansaço e as adversidades do caminho, encontram força na devoção e na comunidade que se forma em torno dessa tradição. A jornada de 150 km é mais do que uma simples viagem; é uma peregrinação que reforça laços, renova esperanças e celebra a espiritualidade de seus participantes.
A história de Nossa Senhora das Brotas, preservada desde o milagre de 1808, continua a inspirar e a fortalecer a fé de muitos. Cada cavalgada é um testemunho vivo da devoção que atravessa gerações, consolidando-se como um pilar espiritual para a comunidade de Piraí do Sul e arredores. A tradição segue firme, guiada pela fé e pela gratidão dos tropeiros que, ano após ano, refazem o caminho em busca de bênçãos e renovação espiritual.